domingo, 31 de maio de 2015

Depois de Costa agora Rio

Temos sido governados por uma geração de líderes políticos “boys partidários”, sem experiência nem currículo profissional que lhes permitam governar os destinos do país. Longe já vão os tempos em que tínhamos como líderes dos principais Partidos Mário Soares, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal ou Freitas do Amaral, que tinham carreiras profissionais feitas e vieram para a política para servir o país e não para se servir dele.

Esta geração de políticos colocou o país próximo da falência e transformou um estado que tinha os seus recursos ao serviço da população (autarquias, serviços de luz, água, etc.), progressivamente num estado ao serviço de interesses de grupos económicos, de interesses particulares e indiretamente dos próprios políticos e minado pela corrupção, veja-se as PPPs, BPN e BES, autarquias, EDP, PT... Temos agora esse cenário futuro de 2050, de um país com seis milhões de habitantes, sem futuro e que não fará jus aos nossos oito séculos de História.

Com uma atividade de advogado e provas dadas na Câmara de Lisboa, António Costa sucedeu a um líder de que não se conhecem outras atividades para além das juventudes partidárias e da política. As suas ideias e propostas políticas são de experiência feita, mas que a tradição do partido no investimento no Estado Social, seja ao serviço do crescimento económico e não coloque em causa a estabilidade das contas públicas.


Também Rui Rio, com uma carreira profissional ímpar e uma excelente passagem pela Câmara do Porto onde pós em ordem as finanças da autarquia, pode suceder a um líder que também passou pelas juventudes partidárias com fugazes atividades profissionais, e que para além da determinação, não fez a maioria das reformas que o país precisava. Se Rui Rio avançar para a candidatura a PR antes das legislativas arrisca-se, na sequência de uma derrota do PSD, à demissão de Passos Coelho e que o novo líder aposte em Marcelo para PR. Para além disso, Rio pode ser mais útil ao país como Primeiro-ministro do que PR, o currículo dele fala por si.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Aníbal Moreira (1894-1918) desapareceu a 9.04.1918 na Batalha de La Lys

Aníbal Moreira nasceu em Guilhufe - Penafiel a 10.02.1894, foi incorporado no Batalhão de Infantaria nº 32 de Penafiel e embarcou em Lisboa rumo a França a 14 de Julho de 1917, integrado no Corpo Expedicionário Português. Foi colocado no Batalhão de Infantaria 34 em 21 de Agosto de 1917, tendo participado como soldado na 1ª Guerra Mundial. E foi declarado desaparecido a 9.04.1918, na Batalha de La Lys, na Flandres, Bélgica.
Manuel Moreira (1910-1987), meu avô materno e irmão mais novo de Aníbal Moreira, era um excelente contador de "histórias". Ficaram-me na memória algumas histórias da família, que ele era o 21º filho e "terminação" dos seus pais, e que não tinha chegado a conhecer os irmãos mais velhos que tinham emigrado para o Brasil. E essa outra história do irmão que tinha sido mobilizado para a Grande Guerra e que não tinha voltado...
Estas histórias descrevem como a vida era muito diferente nesses tempos, como as dificuldades eram imensas. O meu avô tinha começado a trabalhar muito novo, após a morte dos pais, e aos 15 anos já tinha deixado as casas das irmãs mais velhas, que o acolhiam à vez, e já ganhava o suficiente para montar casa própria. Aprendeu por si próprio "a ler" os projetos das obras, nos intervalos do almoço, que "roubava" por momentos ao capataz, e subiu a pulso na vida até encarregado de obras do Exército.
Quanto a Aníbal Moreira pereceu na Grande Guerra, a pensar com certeza que estava a defender a Pátria e a Liberdade, mas a crueza da história diz-nos que se sacrificou para ajudar o País a assegurar a integridade das colónias, a assegurar um lugar no conserto das nações e a consolidar e legitimar a República e o partido no poder.
Desapareceu aos 24 anos sem ter a oportunidade de se casar e constituir família, de alcançar os seus objetivos de vida, de envelhecer e contar as histórias aos filhos e netos, tal como os seus irmãos. Não se sabe onde "repousa" e é recordado como o irmão do avô que morreu na Grande Guerra. Não teve a oportunidade de viver a vida na sua plenitude e não tem sequer uma foto que o recorde...

Para ilustrar este artigo a imagem da 1ª Guerra Mundial O Cristo das Trincheiras


sábado, 28 de março de 2015

A influência dos EUA

A forma como os Estados Unidos desceram artificialmente o preço do petróleo no mercado internacional e aplicaram assim um rude golpe à economia da Rússia, muito dependente do petróleo, demonstra a força e influência dos EUA no mundo. Se é certo que esta medida não teve um impacto decisivo na guerra civil da Ucrânia, pelo menos pôs Putin em sentido e obrigou-o a refletir sobre as possíveis consequências de futuros atos da Rússia, nesse contexto. Mais do que uma resposta militar, o aperto económico tem um impacto muito mais significativo no descontentamento geral da população.
Este acontecimento fez-me refletir nos acontecimentos no início da crise da União Europeia e em particular no nosso país. As agências financeiras (americanas) desciam mês após mês os ratings dos países mais endividados e com maiores problemas económicos, que segundo muitos especialistas europeus, não justificava essa aparente e constante histeria. As próprias agências de rating foram postas em causa e falou-se na criação de agências europeias. E os juros dos empréstimos a esses países subiram para níveis incomportáveis.
Passados estes anos, se é certo que o nosso país demonstrou saber "apertar o cinto" numa situação de dificuldade económica, não fez as reformas estruturais necessárias, não resolveu contratos ruinosos e situações de corrupção, nem resolveu os desequilíbrios económicos do país, tendo desperdiçado esta oportunidade. Continuamos com uma dívida enorme, agora ainda maior, e o crescimento económico não é muito diferente do da altura. No entanto, as taxas de juro estão historicamente baixas! Será só uma questão de confiança dos mercados?
Esta crise económica mundial teve, como sabemos, origem nos EUA em 2006/2008 com a bolha imobiliária ou subprime, no entanto o centro deste "furacão" foi afastado para a UE que está ainda a sofrer as maiores consequências. Não acredito em teorias da conspiração mas é bem patente a influência dos EUA na ordem mundial.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A Rua Formosa de 1915-1920

De há uns anos para cá tenho colecionado uma grande quantidade de postais de Penafiel em formato digital, principalmente da primeira metade do séc. XX. Consegui-os no Museu e na Biblioteca de Penafiel e também no site www.delcampe.net, um verdadeiro achado para os colecionadores de postais (e não só), pois os vendedores e colecionadores expõem neste site mais de 200 mil postais de Portugal.

Encontrei um destes dias um postal que não conhecia ainda, de Penafiel - Rua Formoza (reprodução a seguir), publicado por Caboilas em www.delcampe.net. Trata-se de um bilhete-postal colorido muito bonito, com muito realismo e pormenores interessantes, a Assembleia Penafidelense e o Palácio do Barão do Calvário em cada lado da avenida, os candeeiros e as árvores frondosas que não resistiram ao progresso, as sombras que indicam o meio da tarde, e o comboio que segue no meio da avenida mas chegado à Assembleia faz uma inflexão e passa do lado de fora das árvores, como nos indicam os trilhos marcados na estrada. E as duas damas da época a atravessarem a avenida.

O Comboio de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios chegou à antiga Rua Formosa, segundo rezam as crónicas, a 13 de Fevereiro de 1913, tendo a linha de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios funcionado até ao final dos anos 20. Desta forma a fotografia foi tirada neste período de cerca de 15 anos. Mas pela observação dos pormenores do postal, fico com a dúvida se a fotografia terá sido tirado por volta de 1915 ou se terá sido tirada já na década de 20.

Não tendo mais dados para datar o postal que os referidos acima, o detalhe que me pareceu ser mais revelador foi a forma como se vestem as duas damas da época. Só me restou assim, fazer uma pequena mas difícil investigação sobre a evolução da moda feminina no início do séc. XX. Se é verdade que as damas não usam os grandes chapéus e grandes vestidos até aos tornozelos, com espartilhos que faziam o corpo feminino em forma de S, da Belle Epoque, que terminou em 1914, também não têm a silhueta dos anos 20 com vestidos mais curtos, leves e elegantes, com braços e costas à mostra. A Grande Guerra e a urbanização impuseram o fim do espartilho e roupas mais práticas e de menor volume com saias no tornozelo. Parece-me assim que a foto será do período 1915-1920.

Finalizando com uma comparação com a atualidade, da descaracterização face à Rua Formosa inicial mas também face à avenida de meados do séc. XX, fica a reprodução do postal em tamanho original, duma Rua Formosa muito mais genuína que a Av. Sacadura Cabral e Av. Egas Moniz dos nossos tempos, obras de autarcas sem memórias e de arquitetos sem respeito pelo legado histórico!

domingo, 24 de agosto de 2014

Beirut no Paredes de Coura

Com muita pena minha não fui ver os Beirut ao festival de Paredes de Coura, mas aqui fica mais uma das melhores músicas e interpretações deles - Cliquot.


Palestina e Israel | o mundo Islâmico e o Ocidente


É incompreensível como Israel demonstra não ter querido estes anos todos a paz com a Palestina. Face à opinião da comunidade internacional, bastaria aceitar as fronteiras de 1967 nas negociações para a paz e no reconhecimento do estado palestiniano. Será uma estratégia de sobrevivência? Ao estar rodeado de inimigos por todo o lado, muitos dos quais advogam a extinção do estado de Israel, conseguirá melhor controlar os seus inimigos estando em permanente estado de conflito, desarmando o adversário e controlando os atos hostis.

Mas enquanto no primeiro cenário teria evidentes ganhos políticos e de popularidade internacional, ao ceder naquilo que pode ceder e sendo a parte agredida em eventuais atos hostis ou terroristas do lado árabe, no cenário atual tem obtido uma cada vez maior antipatia internacional e, mais grave ainda, a cada vez maior revolta e ódio de todo o mundo islâmico. O reflexo deste facto é que o Hamas é mais radical que o Movimento de Libertação da Palestina.

A situação Israel/Árabe constitui um microcosmos da relação do mundo islâmico com o Ocidente. Todos estes anos de terrorismo internacional com aparecimento de ameaças cada vez maiores, e o Estado Islâmico por incrível que possa parecer é mais perigoso e selvático que a Al-Qaeda, parece ter a sua origem no conflito palestiniano.

E Isto está a levar-nos a um cada vez maior choque de civilizações. O mundo global que temos hoje não tem reflexo nas várias zonas do globo, em termos de qualidade de vida, de objetivos de vida, nem na forma como é visto e entendido o mundo!

sábado, 15 de março de 2014

Monumentos Desaparecidos

O blog Monumentos Desaparecidos conta a história de monumentos que por alguma razão deixaram de existir, relembrando o património perdido e o passado de Portugal. Contextualiza os relatos com reproduções de postais magníficos da época.

Um relato de que gostei particularmente é o do Café Chaves que existiu em tempos nos Jardins da Cordoaria. Este jardim que existe no espaço entre a Torre dos Clérigos, a Faculdade de Ciências (Praça dos Leões) e o Hospital de Santo António, teve em tempos um edifício onde funcionou o Café Chaves, desde data não precisa no séc. XIX até 1900, quando mudou para o rés-do-chão do Hotel Francfort, na rua D. Pedro, até 1917, aquando da demolição do edifício para a abertura da Avenida dos Aliados. Voltou para a Cordoaria até 1947, altura da sua extinção.


Quando ocasionalmente fiz este percurso da Avenida dos Aliados, Clérigos e Campo dos Mártires da Pátria, mesmo em frente ao Jardim da Cordoaria, para ir ao Arquivo Distrital do Porto nas minhas pesquisa genealógicas, nunca imaginei que tivesse existido integrado no jardim, o magnífico edifício que se vê na fotografia.

sábado, 18 de janeiro de 2014

O Papel do Estado



Historicamente, os cidadãos vêm o estado como a entidade que zela pelo interesse de todos. Que administra a justiça, a defesa, a saúde, a educação e a organização do país. A contrapartida para o usufruto deste serviço social do estado é o cumprimento dos deveres de cada um, nomeadamente o cumprimento das leis e o pagamento dos impostos. É este equilíbrio de direitos e obrigações que não é compreendido por muitos dos portugueses. Usufrui-se da educação para si e para os filhos, dos hospitais em consultas, tratamentos e operações que ficam muito caras ao estado, das vias de comunicação e dos transportes, da justiça, etc., mas quando toca a pagar os impostos, o estado é muitas vezes apelidado de sanguessuga e que só existe para taxar as pessoas e empresas. E estou a falar do nosso regime democrático, em que as leis e regras são estabelecidas na Assembleia da República por deputados eleitos por todos nós.

Temos portanto a justiça, a defesa, a saúde e a educação que a maioria, de forma indireta, escolhe. Mas para isso, temos de pagar o custo que cada uma delas tem, mesmo considerando que, por vezes, os recursos são mal administrados e que, cada vez mais, é necessário racionalizá-los. Sendo assim, nesta era de enormes dificuldades do país, devemos decidir que justiça, defesa, saúde e educação queremos, como deve ser administrada e quanto estamos dispostos a pagar por elas.

É por isso que aqueles que consideram que os funcionários públicos são uns privilegiados, estão equivocados. Os funcionários públicos desempenham o seu trabalho nas condições contratualizadas, para tornar possível a concretização dos serviços do estado. Desta forma, nesta era em que o governo do país tem de tomar medidas extraordinárias para garantir os compromissos e a solvência do país, é injusto direcionar mais os sacrifícios para os funcionários públicos (e para os pensionistas, por outras razões). Já o princípio de tornar convergentes as condições laborais entre o sector público e privado (mas em ambos os sentidos) parece justo, e é mais um argumento que confirma que os sacrifícios devem ser partilhados de forma equitativa por todos.

sábado, 11 de janeiro de 2014

All Night Long - Peter Murphy

Para recordar esta excelente música da nossa geração, All Night Long.

Pereira, Parabéns pelos 50 anos, e tal como diz a música, mantém os segredos da tua "força"!

Um abraço,