Segundo Jorge Torgal “Se olharmos para a taxa de morte abaixo
dos 80 anos, ela é de 0,1 por mil habitantes. Se vacinarmos aqueles que
realmente estão em risco, que são as pessoas com patologias e acima dos 80
anos, não há razão de maior para que o desconfinamento não avance”. “Acima dos
80 anos, a taxa de mortes é de 163 por cada mil habitantes”, contabiliza. Logo,
“o plano de vacinação deveria contemplar em primeiro lugar as pessoas de risco
e acima dos 80 anos”. E, reforça, “não é isso que está a acontecer”.
O critério seguido no plano de vacinação “não foi o de
privilegiar os mais frágeis, mas o peso político de algumas federações,
corporações e alguns grupos profissionais”. “Acho bem que se vacinem os
profissionais de saúde de primeira linha, mas aceito mal que estejam a ser
vacinados colegas meus, independentemente do risco que correm, só pelo facto de
serem médicos”, acrescenta Torgal, para quem tais opções, numa altura em que o
Governo está a dias de fazer arrancar a vacinação do pessoal docente e não
docente das escolas, configuram, num cenário de escassez de vacinas, “um erro e
uma desconsideração para quem tem um elevado risco”.
Excerto do artigo do PÚBLICO
de 12/03/2021 por Natália Faria
Por vezes há realidades que nos parecem tão evidentes que
achamos incrível o porquê das coisas não acontecerem da forma mais racional e
de acordo com os valores e princípios universais, neste caso o da vida humana.
Neste assunto não sou o único a pensar desta maneira pois há especialistas e
comentadores relevantes da sociedade portuguesa que manifestaram esta opinião.
Somente quando a UE definiu o objetivo europeu de vacinar 80% dos idosos acima
dos 80 anos até final de março, o nosso país assumiu finalmente este objetivo.
É lamentável!