Aníbal Moreira nasceu em Guilhufe - Penafiel a 10.02.1894, foi incorporado no Batalhão de Infantaria nº 32 de Penafiel e embarcou em Lisboa rumo a França a 14 de Julho de 1917, integrado no Corpo Expedicionário Português. Foi colocado no Batalhão de Infantaria 34 em 21 de Agosto de 1917, tendo participado como soldado na 1ª Guerra Mundial. E foi declarado desaparecido a 9.04.1918, na Batalha de La Lys, na Flandres, Bélgica.
Manuel Moreira (1910-1987), meu avô materno e irmão mais novo de Aníbal Moreira, era um excelente contador de "histórias". Ficaram-me na memória algumas histórias da família, que ele era o 21º filho e "terminação" dos seus pais, e que não tinha chegado a conhecer os irmãos mais velhos que tinham emigrado para o Brasil. E essa outra história do irmão que tinha sido mobilizado para a Grande Guerra e que não tinha voltado...
Estas histórias descrevem como a vida era muito diferente nesses tempos, como as dificuldades eram imensas. O meu avô tinha começado a trabalhar muito novo, após a morte dos pais, e aos 15 anos já tinha deixado as casas das irmãs mais velhas, que o acolhiam à vez, e já ganhava o suficiente para montar casa própria. Aprendeu por si próprio "a ler" os projetos das obras, nos intervalos do almoço, que "roubava" por momentos ao capataz, e subiu a pulso na vida até encarregado de obras do Exército.
Quanto a Aníbal Moreira pereceu na Grande Guerra, a pensar com certeza que estava a defender a Pátria e a Liberdade, mas a crueza da história diz-nos que se sacrificou para ajudar o País a assegurar a integridade das colónias, a assegurar um lugar no conserto das nações e a consolidar e legitimar a República e o partido no poder.
Desapareceu aos 24 anos sem ter a oportunidade de se casar e constituir família, de alcançar os seus objetivos de vida, de envelhecer e contar as histórias aos filhos e netos, tal como os seus irmãos. Não se sabe onde "repousa" e é recordado como o irmão do avô que morreu na Grande Guerra. Não teve a oportunidade de viver a vida na sua plenitude e não tem sequer uma foto que o recorde...
Para ilustrar este artigo a imagem da 1ª Guerra Mundial - O Cristo das Trincheiras
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